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quinta-feira, 15 de julho de 2010
terça-feira, 6 de julho de 2010
A Carta ( João Marcos - Mestre)
Peço que evite transitar por onde meus olhos possam alcançá-lo
Peço também que evite me dirigir a fala
Ou qualquer tipo mais efusivo de cumprimento;
No máximo um levantar de sobrancelhas
Elimine o aperto de mão ou os sociais beijinhos
Se puder abaixe o tom de sua voz caso eu esteja próximo
Não me peça opinião sobre a sua roupa
Peço ainda que não chame meu nome, exceto em caso de incêndio
Peço tudo isso humildemente,
na verdade suplico
Você não tem idéia da devastação
que provoca em meu espírito
as mínimas coisas que faz
De tal forma que nada mais é mínimo
parece calculado com exímia arte e perícia
cada seu movimento, cada gesto
Você não sabe quantas horas preciso para ler três linhas no dia em que você sorri, e nem precisa ser pra mim
Você não imagina os malabarismos que faço
para não ser notado e assim te seguir
pela janela do olhar escondido atrás de toneladas de paixão
Ah! se você soubesse o tempo que fico imaginando você, sua voz, seu cheiro
seu andar, recompondo sua imagem de maneiras incontáveis
eu sei você de cór, mas todo dia você me surpreende
Mas desejá-lo é um sonho
Você pode ter a mulher que quiser
e sei que não me encaixo nos seus planos
sinto-o deus, eu uma mortal
Para despistar a dor invento-lhe defeitos
Mudo sua imagem no fotoshop do meu coração
mas o original persiste e zomba de mim
de meus esforços para tentar te esquecer em vão
Então resolvi escrever-lhe esta carta
para pedir-lhe que pare, mas agora me dou conta: parar com o quê?
Pois,ainda que você não fizesse nada
basta existir pra que eu me sinta completo,
completo não por tê-la mas somente por desejá-la
Você pode nunca vir a me amar
mas, eu sei que meu desejo,
meu sentimento,
meu motivo de ser,
minha dor e meu remédio
minha manhã de sol e meus vendavais
meu nascer e minhas mortes
minha seca e meus rios
meu silêncio e minha canções
só existem por você
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